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O direito de sujar



Um estudo que relaciona o contacto (ou a falta dele) das crianças com micróbios com um tipo de leucemia infantil, deixou-me a pensar.

Por princípio, somos a favor da exploração livre. Sempre permitimos e incentivámos que os nossos miúdos brinquem sem medo de se sujar. Sujar o corpo ou a roupa nunca foi um problema. Temos o cuidado de lhes dar banho ou lavar as mãos no fim da brincadeira, mas enquanto estão a brincar ao ar livre estão à vontade.

Quando eram bebés não esterilizávamos as chupetas sempre que caíam ao chão. Lavávamos com água e sabão e eram fervidas de vez em quando.

Somos assim porque essa é a nossa forma de estar na vida. Sem exageros ou preocupações extremas. E, com isto tudo, a verdade é que os nossos miúdos nunca tiveram problemas de saúde para além de uma ou outra constipação, uma ou outra dor de ouvidos ou de garganta. Se calhar tivemos sorte. E por eles nunca estarem doentes, nunca sentimos necessidade de controlar excessivamente a exposição aos micróbios. Ou então, eles nunca estão doentes exatamente porque sempre estiveram moderadamente expostos. Não sei qual é a causa e qual a consequência.


O G. com 2 anos, a deliciar-se com a areia negra de uma praia fluvial

Mas sei que cada um de nós, pais, educa segundo os seus valores e aquilo que acredita ser o melhor para os seus filhos. E que, quando damos o nosso melhor, não devemos deixar lugar para sentimentos de culpa. Temos a obrigação de nos informarmos, de estarmos atentos e responsáveis. Temos a obrigação de zelar pelo bem estar dos nossos filhos. Mas não somos donos da verdade, nem somos capazes de evitar que todos os males do mundo os atinjam. E, com todo o respeito pelos estudos divulgados por quem investiga, o que é verdade hoje, não é amanhã. Foi sempre assim ao longo dos tempos. Por mais que este estudo seja a favor do nosso tipo de educação, não consigo assumi-lo como verdade absoluta.

Cá em casa, os miúdos vão continuar a explorar livremente e a sujar-se sem culpas. Em vossa a casa, façam como se sentirem mais confortáveis. O que for mais natural para a vossa família. Sem certos, nem errados. Sem fundamentalismos.

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